Saturday, May 27, 2006

Lisboa anda muito Queirosiana...

Lisboa Queirosiana: São Bento



(S. Bento)

«Voltou ainda três vezes ao Aterro, não a tornou a ver; e então envergonhou-se humilhado com este interesse romanesco que o trazia assim, numa inquietação de rafeiro perdido, farejando o Aterro, da Rampa de Santos ao Cais do Sodré, à espera de uns olhos negros e de uns cabelos loiros de passagem em Lisboa, e que um paquete da Royal Mail levaria uma dessas manhãs...»

(Os Maias)


Como Eça trata o amor...

Um dos grandes méritos, e dos menos mencionados, do livro (*) é a forma sublime como Eça escreve sobre sexo (**). Não é nas cenas onde entram o lúbrico Amaro ou o decadente Basílio que Eça cria os ambientes mais eróticos, mas aqui, neste livro, onde o sexo aparece em surdina.

Eça de Queirós / Maria Filomena Mónica, p. 228.

(*) Os Maias
(**) Num livro recente, Eduardo Lourenço chamava a atenção para a força erótica dos seus romances. Ver. E. Lourenço, Portugal como Destino, op. cit., pág. 49.

Inspirado nos textos de Eça, ARTSPOTTER publicou uma fotografia muito bonita onde existe um toque erótico à qual não consegui ficar indiferente.

Acrescento ainda um aspecto curioso. ARTSPOTTER é um blog de um holandês, Gustaaf Vander Biest, que sem saber nada de português começou a seguir os textos aqui publicados de Eça e ficou bastante interessado ao que parece, tendo já procurado "Os Maias" no google e na biblioteca local.
Reconheceu que o tema era parecido com uma obra holandesa da mesma época.
Transcrevo aqui parte da sua mensagem: «Last week, I suddenly became interested in your "Os Maias"-stories. Some "googling" made me understand what is was all about. Immediatly I remembered a similar book in Dutch: "Eline Vere" by Louis Couperus, edited for the first time in 1889 (just a year later than "Os Maias"). It plays mainly in The Hague (Holland) and just partly in Brussels, with about the same kind of people in the same kind of world...
The picture "Fin de siècle" on ARTSPOTTER (18.05.2006) was a result of that new knowledge.
"Os Maias" exists in a dutch/flemish version(our local library evens seems to have it). So far I don't know if "Eline Vere" is available in Portuguese.
Have a nice and sunny day.
Here it's raining and pretty cold for the rest of the week.

G.»

- Thank you G. for your beautiful photograph and message!

Lisboa Queirosiana: A tragédia da Rua de São Francisco*



(Rua de S. Francisco)

«... Mas a ideia de «incesto», todas as consequências desse silêncio lhe apareceram, como vivas e pavorosas, flamejando no escuro, diante dos seus olhos. Poderia ele**, tranquilamente, testemunhar a vida a dois - desde que a sabia «incestuosa»? Ir à Rua de S. Francisco, sentar-se-lhes alegremente à mesa, entrever, através do reposteiro, a cama em que ambos dormiam - e saber que esta sordidez de pecado era obra do seu silêncio? Não podia ser... Mas teria também coragem de entrar, ao outro dia, no quarto de Carlos, e dizer-lhe em face: «Olha que tu és amante de tua irmã»?

...

«... Ia à Rua de S. Francisco.
Mas não se apressava, a pé pelo Aterro, abafado num paletó de peles, acabando o charuto. A noite clareara, com um crescente de Lua entre farrapos de nuvens brancas, que fugiam sob um norte fino.
Fora nessa tarde, só no seu quarto, que Carlos decidira ir falar a Maria Eduarda - por um movimento supremo de dignidade e de razão, que ele descobrira e que repetia a si mesmo, incessantemente, para se justificar. Nem ela nem ele eram duas crianças frouxas, necessitando que a crise temerosa da sua vida lhes fosse resolvida e arranjada pelo Ega ou pelo Vilaça: mas duas pessoas fortes, com o ânimo bastante resoluto, e o juízo bastante seguro, para eles mesmos acharem o caminho da dignidade e da razão naquela catástrofe que lhes desmantelava a existência. Por isso, só ele, devia ir à Rua de S. Francisco.


(Os Maias)

* Actualmente usa o nome de Rua Ivens. Nesta rua vivia Maria Eduarda, irmã e amante de Carlos. Também é a rua do Grémio Literário.
** Ega que acaba de tomar conhecimento que Maria Eduarda é irmã do próprio Carlos.



(Rua de São Francisco, a fachada do prédio cor de rosa é a do Grémio Literário)

Lisboa Queirosiana: Hotel Central


(Hotel Central*)

«... Entravam então no peristilo do Hotel Central - e nesse momento um coupé da Companhia, chegando a largo trote do lado da Rua do Arsenal, veio estacar à porta.
Um esplêndido preto, já grisalho, de casaca e calção, correu logo à portinhola; de dentro um rapaz muito magro, de barba muito negra, passou-lhe para os braços uma deliciosa cadelinha escocesa, de pêlos esguedelhados, finos como seda e cor de prata; depois apeando-se, indolente e poseur, ofereceu a mão a uma senhora alta, loira, com um meio véu muito apertado e muito escuro que realçava o esplendor da sua carnação ebúrnea. Craft e Carlos afastaram-se, ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem feita, deixando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de oiro, e um aroma no ar. Trazia um casaco de veludo branco de Génova, e um momento sobre as lajes do peristilo brilhou o verniz das suas botinas. O rapaz ao lado, esticado num fato de xadrexinho inglês, abria negligentemente um telegrama; o preto seguia com a cadelinha nos braços. E no silêncio a voz de Craft murmurou:
- Très chic.»

(Os Maias)

* Hotel Central, no Cais do Sodré, cenário do encontro de Carlos com Maria Eduarda.

Lisboa Queirosiana: O Aterro



(O Aterro)

«... Mas Carlos não escutava, nem sorria já. Do fim do Aterro aproximava-se, caminhando depressa, uma senhora - que ele reconheceu logo, por esse andar que lhe parecia de uma deusa pisando a Terra, pela cadelinha cor de prata que lhe trotava junto às saias, e por aquele corpo maravilhoso onde vibrava, sob linhas ricas de mármore antigo, uma graça quente, ondeante e nervosa. Vinha toda vestida de escuro, numa toilette de serge muito simples que era como o complemento natural da sua pessoa, colocando-se bem sobre ela, dando-lhe, na sua correcção, um ar casto e forte; trazia na mão um guarda-sol inglês, apertado e fino como uma cana; e toda ela, adiantando-se assim no luminoso da tarde, tinha, naquele cais triste de cidade antiquada, um destaque estrangeiro, como o requinte claro de civilizações superiores.
À maneira que ela se afastava, parecia-lhe maior, mais bela: e aquela imagem falsa e literária de uma deusa marchando sobre a Terra prendia-se-lhe à imaginação.
...
Sim, era bem uma deusa...»

(Os Maias)

Monday, May 22, 2006

It's the Unemployment that make it precarious, not the flexibility


C'est le chômage qui rend précaire, pas la flexibilité.
Aujourd’hui, la Grande-Bretagne a le meilleur taux d’emploi du G7 avec 71,6 % et le deuxième taux de chômage le plus faible avec 4,7 %. Comment l’Angleterre, qui fut convoquée auprès du F.M.I. pour cause de cessation de paiement en 1977, a-t-elle retrouvée la voie de l’emploi ?
L’ambassadeur Sir John Holmes nous explique ci-dessous comment la combinaison d’une véritable réforme de fond et d’un traitement économique du chômage a permis de redresser une situation que d’aucun croyait irréversible.

Certes, la réforme engagée au début des années 80 a coûté cher à court terme. Personne ne le nie ; car il n’est jamais facile de redresser une entreprise. La suppression des subventions et des aides de l’Etat, et le redressement de la rentabilité qui fut le préalable à des privatisations réussies, ont fait disparaître des milliers d’emplois. Mais ces emplois étaient irrémédiablement condamnés, réforme ou pas.
Personne ne peut nier non plus, avec le recul de vingt années, les bénéfices à terme de ces sacrifices que les français n’ont jamais consenti dans les années 80 alors que le gouvernement de l’époque explorait un autre monde.
Nous avons aujourd’hui le recul pour faire le bilan significatif des deux expériences : de ce côté-ci de la Manche, la génération Mitterrand nous laisse un pays irréformable alors que tout reste à faire ; de l’autre côté, les années Thatcher ont remis l’Angleterre en marche. Comme ce bilan ne nous est pas favorable, on se perd en contorsions hypocrites, en mauvaise foi et autres écrans de fumée. Pourtant, c’est notre pays qui fera les frais de cet aveuglement persistant, pas les anglais…C’est donc à nous de réagir.

Force est d’admettre que la thérapie de choc des années Thatcher a contribué à changer les mentalités, faisant notamment comprendre aux anglais qu’ils ne pouvaient pas indéfiniment vivre au-dessus de leurs moyens (alors que le train de vie de l’Etat britannique progressait plus vite que le rythme de la croissance économique). Tony Blair n’est jamais revenu à la situation antérieure et a mis en œuvre une politique économique fondamentalement libérale.

« Au début des années 80, les chômeurs indemnisés n’étaient plus tenus de justifier de leurs recherches puisqu’ils pouvaient continuer à toucher leurs prestations sans se rendre dans les agences pour l’emploi. A cette époque, on voulait protéger à tout prix les travailleurs et éviter les licenciements économiques. On les incitait à sortir du marché du travail et à se mettre en situation d’inactivité, de « victimes » d’un système qui leur devait une prise en charge financière. La réforme ne s’est pas faite du jour au lendemain, mais elle a peu à peu pris une ampleur telle que le marché du travail s’est beaucoup flexibilisé […]. Le corollaire, c’est que celui qui perd son emploi en retrouve un autre sans mal, car les entreprises n’hésitent pas à recruter, sachant qu’elles pourront s’adapter si nécessaire. Pour nous, c’est le chômage et non la flexibilité qui induit la vraie précarité […]. Privilégier la création des entreprises mène naturellement à l’emploi, ce qui mène à son tour à la croissance » [1].

Si les anglais l’ont compris, les français sont bien capables de le comprendre, un jour.
[1] Lettre Outre-Manche n°163, Ambassade de Grande-Bretagne, Mars 2006.

Thursday, May 18, 2006

Sometimes it's hard to believe you remember me




Uma grande amiga minha, M. H., mandou-me isto:

Nao tenho muito mas o pouco que tenho e teu
Se mais ninguem te ouvir quem te ouve sou eu
E quando tiveres triste, com falta de um amigo
Fecha os olhos nao temas porque eu vou estar aqui contigo
Eu sei que pensas muitas vezes que queres fugir
Eu sei que gritas e nao tens ninguem para te acudir
Vida madrasta nada corre como a gente quer
Tens que enfrentar o destino para o que der e vier
Ao meu alcance faco tudo o que poder para ti
Peco desculpas pelos erros, sei que os cometi
Nao vou julgar-te porque tambem eu posso ser reu
Nao vou julgar-te porque quem te julga esta no ceu
Quero que saibas que podes contar com o meu amparo
Amizade pura e um sentimento cada vez mais raro
Conto contigo para fazeres o que faco por ti
E quando nada correr bem eu estou aqui

Se precisares de mim eu estou aqui
Quando quiseres falar eu estou aqui
Se te faltar um amigo eu estou aqui
Se precisares de alguem eu estou aqui
Se precisares de mim eu estou aqui
Quando quiseres falar eu estou aqui
Se te faltar um amigo eu estou aqui
Se precisares de alguem eu estou aqui

Tantas as coisas que juntos fizemos tu e eu
Custa a crer mas a verdade e que o tempo correu
Nem sempre e facil as vezes frases magoam
Sem deixar magoas porque amigos sao os que perdoam
e quando se ve quem e amigo de quem, no mal e no bem
Sentindo desdem rodeado de gente sem nunca ter ninguem
Alguem para falar, sempre pronto a escutar
A mao que se estende, a mao que te ajuda a levantar
Quem te corrige quando tu nao sabes o que e certo
Quem te da agua quando te perdes nalgum deserto
Sempre por perto sempre pronto para chorar ou rir
Quem te conhece e sabes quando tu estas a mentir
Nao sou perfeito mas sabes que sou sincero
Nunca te esquecas de mim aqui sou tudo o que eu quero
E espero que nada nem ninguem nos faca separar
Conto contigo, comigo podes sempre contar...
Eu estou aqui

Please, have a look at the M. H.'s webpage. thanx*****

Tuesday, May 16, 2006

Le Corbeau et le Renard



Maître corbeau, sur un arbre perché,
Tenait en son bec un fromage.
Maître renard par l'odeur alléché ,
Lui tint à peu près ce langage:
«Hé! Bonjour Monsieur du Corbeau.
Que vous êtes joli! Que vous me semblez beau!
Sans mentir, si votre ramage
Se rapporte à votre plumage,
Vous êtes le phénix des hôtes de ces bois»
A ces mots le corbeau ne se sent pas de joie;
Et pour montrer sa belle voix,
Il ouvre un large bec laisse tomber sa proie.
Le renard s'en saisit et dit: "Mon bon Monsieur,
Apprenez que tout flatteur
Vit aux dépens de celui qui l'écoute:
Cette leçon vaut bien un fromage sans doute."
Le corbeau honteux et confus
Jura mais un peu tard , qu'on ne l'y prendrait plus.
Jean de La Fontaine, in "Les Fables de La Fontaine"

Wednesday, May 10, 2006

Angelina - Salon de Thé

La veille je suis allé chez Angelina. Pour ceux qui ne connaissent pas, il s'agit d'un salon de thé parisien particulièrement réputé pour son délicieux chocolat chaud. De ma première visite qui remonte à plus de dix ans, je me souviens en effet d'un onctueux chocolat chaud mais aussi d'une tasse fêlée, d'une queue interminable et d'une note remise avant même la fin de la dégustation. Hum! Cette année, j'ai été agréablement surpris à tous points de vue : nous n'avons pas fait la queue, la salle était beaucoup plus grande que dans mon souvenir, le service était beaucoup plus aimable, le chocolat chaud tout aussi bon et servi dans des tasses en bon état! Aussi, j'ai eu l'occasion de goûter à la pâtisserie vedette de la maison, que j'ai nommé le Mont Blanc.

Le Mont Blanc est une délicate confection composée d'une délicate meringue, sur laquelle repose un nuage de crème Chantilly, elle-même décorée de petits spaghettis de crème de marrons. Ca n'a l'air de rien dit comme ça mais détrompez-vous : dès la première bouchée, le Mont Blanc vous fera conduira sur les cîmes du plaisir. Vous tomberez sous le charme de la meringue fondante, fondrez de plaisir pour la légère Chantilly avant de vous succomber aux charmes de la délicate crème de marrons. L'espace d'un instant, j'ai cru que j'avais croqué dans un nuage.

Angelina, 226, rue de Rivoli, 75001 Paris - Métro Tuileries.

Wednesday, May 03, 2006

Hi!

Ola! Acabo de criar um novo blog exclusivamente meu. Espero q este venha a ser um espaco q desejo interactivo e onde possamos partilhar ideias opinioes. Nao deixe de comentar! Um Bem-Haja!!

Hi! I've just created a weblog of my own. I wish it may become as interesting as possible so that we can chat in an interactive way, namely sharing points of views, opinions and so on. Have fun and God Bless You!

Salut! Je viens de créér un blog uniquement à moi. J'éspère qu'il sera ce dont je désire: aussi interactif q possible sans pour autant perdre sa fonction principale qui est d'être un lieu où l'on puisse partager des points de vues, opinions et ainsi de suite. Bien amicalement vôtre